quinta-feira, 14 de julho de 2011

encontros amistosos sob a lua parisiense

Foi irresistível assistir a um filme que vinha sendo tão bem comentado por amigos de bom gosto.
Meia noite em Paris é uma história que começa despretensiosa e quando você percebe já está totalmente simpatizada com ela.
Como um enredo surreal e inocente, construído sob o mote das viagens no tempo tornou-se respeitável a ponto de suscitar empatia, reflexões filosóficas, para muito além das comédias ou filmes de ficção científica?

Talvez uma das justificativas seja que o grande mistério do filme permanece a todo tempo irrelevante e ninguém se preocupa em externar uma explicação racional. O foco é a narrativa que convida o expectador à introspecção, ao devaneio, à NOSTALGIA que tenta preencher as lacunas do passado de acordo com nossas próprias necessidades, modo a conferir um pouco de graça às insatisfações da vida presente. 
Durante as peripécias do protagonista é como se nosso potencial nostálgico também se questionasse: e então, se estivesse perambulando pelas ruas de Paris quem eu gostaria encontrar? E o melhor, em que época?

No entanto, ao invés de ser uma crítica aos eternos nostálgicos, Meia Noite em Paris exemplifica o quanto nossa fantasia pode inspirar, ao invés de paralisar. Se nos dedicarmos a rituais que nos coloquem em contato com nossa nostalgia de modo a dialogar com ela por meio dos personagens que amamos ou odiamos, integramos à nossa capacidade consciente potenciais psíquicos que podem ser importantes aliados no processo de auto conhecimento e desenvolvimento. A partir destas experiências  descobrimos o que nos faz feliz, mudamos os rumos da nossa vida, nos desfazemos do que nos desagrada no tempo presente, melhoramos nossa racionalidade e desenvolvemos talentos.

Meia Noite em Paris é um filme, quase um exercício de nostalgia quanto à capacidade humana de encontrar e dialogar. Nem que seja para viver diálogos que revelem quais são as pessoas e as coisas que não queremos mais nas nossas vidas, e quais os caminhos que queremos trilhar, tão logo venha o nascer do sol.  


quarta-feira, 6 de julho de 2011

esportes, guloseimas, vitórias e soluções mágicas: A Pedra Filosofal de Potter transformando o cotidiano em ouro

Filosofar a respeito da obra Harry Potter é irresistível na medida em que o livro se tornou uma referência literária desde a década passada, sujeita a todo o tipo de avaliação positiva ou negativa, já que criticar é sempre mais fácil do que construir. Se considerarmos o sucesso cinematográfico que se repetirá no lançamento do segundo episódio do filme As Relíquias da Morte nos cinemas no próximo 15 de julho, a espantosa venda dos livros da autora J.K. Rowling deve se  prolongar ainda por muito tempo, mesmo  após quatro anos do lançamento do sétimo e último volume da saga.
Como compartilhei no post anterior, comecei a ler a obra por curiosidade (ou certa inveja ou desejo de aprender sobre a carreira meteórica da Rowling) então fiz questão de equilibrar minhas habilidades críticas e fanáticas com igual empenho.
O fato é que terminada a leitura do primeiro volume da série Harry Potter e a Pedra Filosofal posso admitir que se trata de uma obra muito interessante, bom entretenimento para qualquer idade e para qualquer leitor imaginativo,  justamente porque  nos coloca diante de alguns temas com os quais temos que lidar a todo momento. É uma narrativa que une aventura e a sensação de superação de limites (sejam temores reais ou terrores sobrenaturais que povoam a vida de qualquer um). Também compartilha certos códigos sociais que de certo modo já aproximam os jovens em formação dos desafios do mundo capitalista. Tudo isso numa linguagem rápida, clara, lançando mão do bom humor, ferramentas especialmente úteis à reflexão de seres humanos que não temem experimentar as surpresas dos famosos "feijõezinhos de todos os sabores" que, no relato da autora, mesmo um tanto exóticos são irresistíveis e servem para adoçar nossa boa e velha criança interior.

sábado, 25 de junho de 2011

Focinho de porco não é tomada

Comecei a ler a saga Harry Potter naquela velha curiosidade científica que faz de mim minha mais colaborativa cobaia.
Apesar de ter postergado a leitura dos livros estava realmente curiosa para conhecer os mistérios daquela narrativa que, além de ter transformado a autora em bilionária, também exercia efeito positivo sobre crianças e jovens incentivando-os a ler.
Ainda estou no primeiro volume e posso dizer que não foi "amor à primeira lida". Estou mais grudada na história agora, a partir da metade do livro, e já pude perceber algumas coisinhas:
1) é uma história repleta dos valores que a gente tá cansado de ver nos filmes comerciais: o incentivo à competitividade, a valorização da auto-estima, o resgate da coragem (nunca desistir dos desafios), o ato heróico individual, a solidariedade, a criatividade para vencer o velho, a extroversão e a busca por reconhecimento social/popularidade.
2) é uma aventura muito prazerosa porque coloca a criança em contato com monstros e situações escabrosas e, apesar do clima de temor,  sempre acaba com sucesso no final, relembrando aos jovenzinhos cidadãos do mundo desenvolvido que eles são invencíveis.

Vou continuar a leitura, vamos ver se surgem novas observações.